NÃO HÁ POESIA

Não há, não há poesia, não há, nos choros, e nos vagidos tristes e aflitos.
De quem sente as sedes das fomes, dos frios, dessess acordes tristonhos,
Da desiguldade, e cujo ecos são sons cantarolando, abandono, e  solidão!
Não há poesia, nas barrigas que se agridem, se esvaziam, se desnivelam,
Na ação abjeta, e covarde, nefasta, infeliz, dolorosa, do aborto criminoso!
Não, não há poesia onde  as sombras dessas guernicas dessas algazarras,
Sejam as pegadas, retratos na alma, vestígios das animalidades humanas
Não há poesia onde os versos, ainda declamam tais atitudes e sacrifícios,
A tripudiar sobre os direitos humanos sobre os valores, sobre o remorso!
Não há poesia, não, não há, onde germinem, sementes dessas violências,
Onde a alma humana padece e os versos do poeta não sicatriza as feridas

Não há poesia nas ações doentias, dos homens, escravizando os homens.
Não há poesia onde fecunda-se tais violações e não se quebrem grilhões!
Não existe poesia onde a pedofilia silencia a inocência,e poliu a infância!
Não há poesias, onde, não há esperanças, onde as mãos não são auxílios,
Não há poesia, não há, onde hajam injustiças, desrespeitos, ingratidões.
Onde os pés, caminham sós..., infelizes, pelas, salas frias das orfandades.
Não há poesia, não há, não há, indubitavelmente, aonde não haja a paz!
Nessa política proxoneta desmoralizante, vil, deprimente, que se exaure,
Ante corrupção vergonhosa, que  aniquila, que  avilta, e cerceia os pães...
Não há poesia nessas paisagens corrompidas, deprimentes, desonrosas,
Onde, diversos artigos da nossa Constituição são feitos de pano de chão.

Não há, não há poesia, nessas viciantes, e asfixiantes, rotas dos tráficos.
Chagas abertas..., trajetórias magoadas, desmoralizantes..., e doentias...
Caminhos, por onde andam,  onde viajam, sem volta a honra, os valores,
O futuro dos jovens, que aniquilam-se, perdem o endereço de si mesmos
Não há poesia, nessas perversas realidades nesse verdadeiro holocausto!
Não há, não há poesia, num país, onde a deseducação são rotas de fugas,
Onde, saúde, segurança, agonizam nas vias políticas pérfidas, miseráveis
Não, não há poesia em um país onde se morre de todas as fomes e sedes,
Todas as pestes, e aqueles que deveriam ser, vias de socorro escarnecem.
Não há poesia, não há, aonde, não haja a mínima tomada de consciência,
Onde, os versos dos poetas em frente as dores alheias não colhe as rimas
Albérico Silva