A PORTA

Hoje vi a poesia;

Pareceu não me ter visto.

Passou meio de largo,

Meio apressada, meio triste.

Quase não acreditei, eu pensei:

Meu Deus, o triste aqui sou eu!

É ela quem me anima

Quando o tédio desanima...

O que será que pode abater a poesia?

Quem teria tão nefasto poder?

Segui a dama de longe,

De onde ela não me visse.

Andou por ruas escuras,

Por becos lamacentos,

Vielas;

Discutiam sem vê-la.

Parou.

Parei.

Conhecia aquele lugar...

Céus, a minha casa!

Tocou de leve a maçaneta,

Não insistiu:

Continuou seguindo,

Parecia mais triste do que antes...

Percebi tarde demais:

Ela fora procurar-me,

Para se alegrar comigo.

Corri;

Tentei alcançá-la, em vão;

Não a vi.

Ouvi um batente;

Olhei pela janela, lá ela estava:

Alguém deixou a porta aberta...

Marcelo David
Enviado por Marcelo David em 21/09/2013
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