Escrever...

Cabe-me a incumbência de escrever,

Diz-me minha consciência.

Mas escrever o quê? Pra quem? Também me diz.

Como se tudo já não tivesse sido dito antes ou durante.

Textos que nunca serão lidos ou lembrados.

A gramática perde seu valor,

Poesia, prosa, verso também.

Que diferença faz escrever com "SS" ou "Ç" ou

Se o verbo está em primeira pessoa ou não?

Nesse caso o sujeito sempre será oculto ou indeterminado

Não há concordância, nem ponto final,

O que sobrou foi uma mera interrogação do eu.

Sinto um paradoxo contido em minha mente,

A interrogação aparece como um deus,

E a produção textual ganha vida e morte.

Não sei...um sentido? Uma filosofia?

Parece que tudo ganha reticências e o mundo não pára.

Tento encarar um adjetivo para entender-me, mas é inútil.

E se minha consciência estiver errada de alguma forma?

Talvez a morte como a vida seja um pensamento,

Então logo posso estar vivo estando morto

Ou morto estando vivo, metaforicamente falando.

Mato ou morro-me com a poesia?

Também não faz tanta diferença.

Mas de uma coisa estou certo, não queremos a morte,

Não! Isso não! Voltar a ser nada, se é que o nada existe,

Para quê? Também pergunto a minha consciência.

Deixe-me escrever! Deixe-me viver!

Deixe-me ser pelo menos fruto de algo vivo,

Deixe-me brincar de ser deus e poder criar,

Deixe-me fazer exclamações aos conflitos.

E isso talvez não caiba a ninguém,

Talvez a alguém, assim por acaso ou por destino,

Quem sabe a mim mesmo por um sentimento maior,

Por uma razão incontestável e indiscutível.

Escrever...escrever...escrever

Cabe-me a incumbência de escrever

TAS
Enviado por TAS em 28/03/2008
Reeditado em 03/01/2014
Código do texto: T920189
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