Escrever...
Cabe-me a incumbência de escrever,
Diz-me minha consciência.
Mas escrever o quê? Pra quem? Também me diz.
Como se tudo já não tivesse sido dito antes ou durante.
Textos que nunca serão lidos ou lembrados.
A gramática perde seu valor,
Poesia, prosa, verso também.
Que diferença faz escrever com "SS" ou "Ç" ou
Se o verbo está em primeira pessoa ou não?
Nesse caso o sujeito sempre será oculto ou indeterminado
Não há concordância, nem ponto final,
O que sobrou foi uma mera interrogação do eu.
Sinto um paradoxo contido em minha mente,
A interrogação aparece como um deus,
E a produção textual ganha vida e morte.
Não sei...um sentido? Uma filosofia?
Parece que tudo ganha reticências e o mundo não pára.
Tento encarar um adjetivo para entender-me, mas é inútil.
E se minha consciência estiver errada de alguma forma?
Talvez a morte como a vida seja um pensamento,
Então logo posso estar vivo estando morto
Ou morto estando vivo, metaforicamente falando.
Mato ou morro-me com a poesia?
Também não faz tanta diferença.
Mas de uma coisa estou certo, não queremos a morte,
Não! Isso não! Voltar a ser nada, se é que o nada existe,
Para quê? Também pergunto a minha consciência.
Deixe-me escrever! Deixe-me viver!
Deixe-me ser pelo menos fruto de algo vivo,
Deixe-me brincar de ser deus e poder criar,
Deixe-me fazer exclamações aos conflitos.
E isso talvez não caiba a ninguém,
Talvez a alguém, assim por acaso ou por destino,
Quem sabe a mim mesmo por um sentimento maior,
Por uma razão incontestável e indiscutível.
Escrever...escrever...escrever
Cabe-me a incumbência de escrever