O Último Duelo com o Tempo
Em um dia, ansiava eu, por uma existência plena,
Viver sem pensar, sem temer a pena.
Tocar as arestas da vida, tão agudas, tão raras,
E em cada momento, deleitar-me nas horas caras.
Os passos, ah, tão belos quando observados,
Mas quando dados, tornam-se fardos pesados.
“Ossos do ofício”, dizem os sábios e os velhos,
Mas eu digo, “ossos da vida”, em meus versos singelos.
Por vezes me pergunto, em meu íntimo, em segredo,
Será o anseio parte daquilo que não possuo, ou apenas medo?
E se não tenho, quando foi que perdi?
O não pensar, o não saber, onde foi que os vi?
Gostaria de batalhar com o tempo, uma última vez,
E em meio a sangue e suor, provar minha altivez.
Pois suspeito que ele me roubou tudo, sem piedade,
E se o vencer, quem sabe, poderei voltar a ser, em verdade.