Amanhecer
Este amor agregado ao físico,
Que deixa em raizes fecunda,
Este solo carinhoso que adentra me esperançoso,
O mesmo amor que virá depois de quase todas as noites.
Oferecendo frutos doces sobre a bandeja,
Serpentes venenosas, lapidam-me.
Algema-me com o robusto caule de um dia inteiro e me faz senti nas asas do mundo.
Estes trejeitos cotidianos e sustentáveis me consolam e me assombram.
Acolhe-me. Oh braços deste amanhecer, abraço sorridente do sol expulsando os morcegos da minha tumultuada janela,
a mesma linda janela que cultua a eterna manhã construindo gigantescos castelos líricos.
Frutos de uma vida imutável, tênue ou a mesma resposta pertinente, intensa e acolhedora..
Inerte sempre no mesmo canto e que me abraça de tempo em tempo, a espera é a minha plenitude.
Socorrendo a fuga de um instante, misturado a pensamento fértil ou volátil mas sutil.
As carruagens galopantes nesta estrada de um dia após o outro. Destino certo entre o orvalho e os primeiros raios do sol da manhã.
Leva consigo o calor escaldante de todos os desejos. Mostra a face do anjo mais lindo que veio do céu. Este amanhecer mágico onde eu deseja que todas as estações do ano se curvam diante da primavera para sentir o perfume doce do chão prestes a ser pisado e almejando andar de braços dados com as flores do Jardim.