A manhã queimava no horizonte.
O tons rubros, amarelos e inexplicáveis
Anunciavam mais um nascer do sol.

 

O frescor da manhã amadurecendo

impunemente.
Diante de olhos e lágrimas ressecadas.
Lembranças em flashes

que pipocavam na cabeça.

Nostalgicamente.


A manhã queimava diante dos olhos.
E a memória nos transportava 
para milhões de sóis pretéritos,
brisas e orvalhos.

Envelhecidos e arquivados.
Colecionados em sentimentos,
palavras e registros poéticos
e líricos

Estava exausta.


Mas, a beleza daquela manhã...
Redimia-me.
Sem culpa.
Sem remorso.


Prossegui em vigília do tempo.
Esperando que o deserto da ampulheta
Espalhasse a areia sobre 
alguma razão socrática.

 

A mentira pode ser uma verdade maquiada.
A verdade maquiada pode ser indício de polidez.

Civilização acanhada ou resquício de piedade?


E, patinamos nas superfícies lisas e sem atrito.
Mas, a gravidade ingrata não nos deixa flutuar.
Só pensamentos voam.
Só sentimentos transcendem.
Só as almas conhecem o fundamental.


E, voltam entristecidas para os corpos
fincando num planeta repleto de água
e sons indecifráveis.

Corpo que assiste extasiado mais uma

manhã qualquer.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 04/02/2022
Reeditado em 04/02/2022
Código do texto: T7444431
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