O VENTO


O vento passou pelos sinos,
Sacudindo-os em nervosos tilintares.
Trouxe cheiros de flores, de florestas e de mares,
Levou pensamentos cinzentos.

Assoviou entre as folhas das árvores,
Derrubando algumas que estavam distraídas,
E que não se agarraram suficientemente 
À vida.

O vento, quando passa, modifica tudo:
As plantas, as nuvens, as borboletas, 
Que giram no ar como em pobres roletas
Que a vida assopra e dissipa pelo mundo.

Pelo corredor da minha casa, flores de outros quintais
Jazem à sua sorte e esperam por uma morte
Que há poucos minutos, sequer lhes ocorria.

Assim somos nós, quando o vento nos beija:
Cerejas derrubadas dos ramos,
Panos secando nos varais da vida,
Borboletas girando sem direção,
Folhas arrancadas de árvores sofridas...



Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 04/02/2019
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