Só real

Ser poeta

[não

é sonhar,

não é estar

à dois passos do paraíso,

e,

como num riso

dizer que esteve lá;

não é amar,

sem culpa e sem juízo,

‘quelas pernas, que eu te digo,

me faziam ‘té gozar.

Ser poeta

é tentar;

tentar se expressar através de palavras

que, separadas, significam nada,

mas juntas, muitas

[pessoas

irão chamar.

Ser poeta é convencer -

por meio dessas palavras -

o outro, à ver

o mundo como tu

e mesmo que essa visão de mundo,

não seja azul, como num sonho;

e sim coral, como na cobra

[que te faz mal,

ela ainda é válida.

Pois, por mais pálida

[que seja,

a única coisa que a poesia almeja

é convencer;

não importa da onde

não importa do quê,

apenas

convencer

pois quem é que disse,

que o mundo deveria ser

[triste,

ou feliz? O mundo deveria ser,

como tal,

e como toda a boa poesia é:

real.