oroboro.
viagens finitamente infinitas
numa circunferência repetitiva
cada vez mais torta e amassada
sem forma, conforma-se na imperfeição
de um dia que acaba e começa
igualmente aleatíorio ao anterior
com futuro previsivelmente caótico
a certeza da incerteza é incerta
corpo cansado levado pela inercia
flutuando nos rios das possibilidades
impossibilitado até mesmo pela gravidade
cairia num poço negro de lamas
a única corda existente são tripas
que em seu corpo fazem morada
nas paredes quentes e úmidas
onde sua cabeça deve rolar para dentro
adentrando a carne e se espremendo
pelos ossos e cartilagens e o coração
aperta-te contra o cérebro, e tu no meio
menor do que jamais foi, talvez será
força de uma existência sem músculos
lutando no sangue puro e na sujeira natural
as paredes apenas separam, sem julgamento
explodam todos os limites, tudo é preto igual