oroboro.

viagens finitamente infinitas

numa circunferência repetitiva

cada vez mais torta e amassada

sem forma, conforma-se na imperfeição

de um dia que acaba e começa

igualmente aleatíorio ao anterior

com futuro previsivelmente caótico

a certeza da incerteza é incerta

corpo cansado levado pela inercia

flutuando nos rios das possibilidades

impossibilitado até mesmo pela gravidade

cairia num poço negro de lamas

a única corda existente são tripas

que em seu corpo fazem morada

nas paredes quentes e úmidas

onde sua cabeça deve rolar para dentro

adentrando a carne e se espremendo

pelos ossos e cartilagens e o coração

aperta-te contra o cérebro, e tu no meio

menor do que jamais foi, talvez será

força de uma existência sem músculos

lutando no sangue puro e na sujeira natural

as paredes apenas separam, sem julgamento

explodam todos os limites, tudo é preto igual

Lugubre
Enviado por Lugubre em 09/01/2018
Reeditado em 09/03/2022
Código do texto: T6220942
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