Quase ancestral
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Quase ancestral - Henrique de Albuquerque
Prostra a mente sob uma túrgida dúvida;
a dúbia certeza, finalmente se torna indecisão:
matar ou morrer,
fazer ou esvaecer...
Veja, sou o indígena cáustico das terras esquecidas
ou sou o conquistador báltico das gélidas feridas?
nascer todos os dias ao pensar,
e morrer todos os dias ao escrever.
Acordei, e ainda hoje não sei-
sou rei ou mais um servo,
nasci para peixe-tubarão,
talvez rêmora,
ainda não sei ao certo.
Lustrarei ânforas ou perfurarei têmporas?
talvez nunca passe de metáfora.
Só sei que
todos não são mais,
todos não são menos,
todos são mentiras.
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