A Balsa

Quero assumir os dias

Ao invés de sumir nas horas

Sem revogar o passe livre da vida

Redescobrir minhas memórias

Espalhar tolices pelo mundo

Revirar os escombros

E os entulhos

Achar flores no lixo imundo

E colher a seiva da vida

Onde a maioria enxerga túmulos

Vim das frustrações

Comunicar que não há

Rancor ou dias cinzas

Capaz dos meus sonhos parar

Nem afundar meus barcos

Mesmo quando não sinto mais vontade de remar

O rio ainda flui e segue o curso

E no final eu vou estar

Há amor em mim

Por toda parte

Em todo lugar

Não obstante digo

A solitude é meu novo lar

Acolhe em meu peito vil

Um coração pulsante

De luta

Que saboreia o gosto da fruta

Mas não a colhe madura do pé

Que dá dois passos a frente

E dez para trás de ré

Mas segue

O barco

O rio

O curso da vida

Assisto o sol nascer e se por

Entre sorrisos, lembranças e dor

E me mantenho agradecida

A vida é o que sobra

Entre os copos de cerveja

E as noites mal dormidas

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 06/10/2017
Código do texto: T6134648
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