Poesia sem rosto

Sim...

Uma poesia, e o que você fará com ela?

Recitada ao vento, ou aos ouvidos atentos, de uma estranha, na madrugada?

O que farão com ela? Já foi feito. Foi...

Aqui, palavras perdidas sobre uma folha de papel, virtual,

Ou, sentido comum que demonstra o mais profundo de nós?

Não é para tanto... Ou será?

E quem saberá? E para que responder?

Apenas escrevo as palavras que chegam, galopantes, em minha mente,

Não há métrica para esta harmonia,

Nem equilíbrio premeditado,

Apenas escrevo...

Escrevemos...

E dessa coexistência ilógica, entre criar e sentir, firma-se o abstrato!

Não questiono ou respondo, apenas escrevo...

E assim, cada letra se enquadra nesta forma incerta, imprecisa,

E, indesviável diante o presente exposto,

Quando tudo o que realmente a poesia coloca são verdades, ou não,

Repleta de exageras e figuras temáticas,

Diante a realidade pessoal, particular e indecifrável,

De cada criador, poeta anônimo, da criação, somos seus prisioneiros.

Sim; escrever é uma prisão.

Uma tortura infinda!

Ansiedade interminável, inesperada ou diária, necessária e vital.

Portanto, escrevo...

Escrevemos...

A escrita nos afoga e enterra, bêbados ou sóbrios,

Das canduras apropriadas as mais profundas, sarcásticas ou eróticas verdades!

Sentidas no mais profundo “insentido” literário,

Só encontramos em e por nós, no silêncio ou no absurdo barulho, ao concluirmos a mais nova criação.

Sim, a poesia recitada sem rosto, sem identidade, caminha, ou já está morta.

Mais cumpriu seu destino. Nasceu!

Em meio ao desejo supremo de ser poesia, de não ter sido em vão.

Mesmo condenada a construção definitiva, nada além da última palavra.

Apenas poesia...

Portanto escrevo, escrevemos...

E nela a palavra solidão perde o sentido, pois, seu sentido completo, agora,

É conjunto integrado, participativo e menos vulnerável.

Saudade...

Saudade de tu...

Saudade de tú aqui!

Saudade de tu aqui! Voltas?

Voltes. Chega! Apenas escrevo...

Escrevemos...

E assim condenada, mais uma nascida, ser poesia e recitada na rua!

Angel Cavalcanti
Enviado por Angel Cavalcanti em 05/07/2017
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