Escure a lua, que Lilith já é luz
Vcs querem meu cabelo imaculado
Mas eu raspo!
Deixem meu buraco!
Meus caminhos
Meus ratos.
Sentir no casco da cabeça
O preconceito da família
Propaganda de margarina
Dá mais força pra lutar.
Conto nos fios
Quem me olha dos pés à cabeça
Quem afasta a filha
Quem faz uma curva.
Seu preconceito e sua bifobia
Só me fazem mais forte!
Eu agradeço por me mostrar
Que o mundo não é o que eu sonho
Mas o que eu sonho
É pra fazer do mundo!
Eu tô com fogo, sangue e mar nos olhos!
Gente estúpida, gente histórica!
É pau é cu é buceta
Mas só entre 4 paredes!
É recatada é bela é do lar
Mas só além das paredes!
Aqui dentro eu mando,
Eu bato, eu faço a porra
Toda.
A maioria faz direito.
Não tem jeito...
Eu saio pela esquerda!
Da primeira vez que vi seu racismo
Concordei
Da última vez que eu vi seu racismo
Chorei
Da primeira vez que vi seu machismo
Estranhei
Da última vez que vi seu machismo
Avancei!
Sim! Eu! Me! Transformei!
Eu me importo! Com todo direito
Que morre num discurso camuflado.
Teu nojo de mim dói mais do que o nojo que eu senti aos 7!
Mas não dói mais do que ouvi dos 33.
Eu não sou mais uma macaquinha.
Então eu ouço vc!
Eu vejo vc!
Eu falo com vc!
Eu não vou ignorar que o mundo tá uma bosta
Intolerante!
Hipócrita!
E eu não quero deixar de te enxergar.
Mas eu quero que vc olhe!
Vamos brincar de poder?
Aquilo que te embebeda. É assim:
Refrão de carnaval pode!
Tom Zé não.
Vídeo pornô pode!
Poesia erótica não.
Discurso de político pode!
Grito dos excluídos não.
Mas ó, tem só mais uma coisa:
Sobre o que pode, a gente não fala.
E sobre o que não pode,
Ataca.
Pobres poderes podres!
Eu não tenho medo de doer lutando!
Aprendi na natureza
O que é ser destruidora!
O sexo é força motora! - E não só.
Criadora! Geradora! E ainda não só.
Tá tendo luta!
Te prepara...
O mundo ainda vai ficar muito mais chato!
E vê se se toca:
FORA TEMER!