A fórmula do simples ser

Sobre os cacos eu me cato, mais um deus no ato,

pés descalços, mas me viro,

abro os olhos pro meu universo perdido,

e das distantes vertentes nasce o frio,

ilusória solidão onde me crio.

Não confunda com tristeza,

sorrio, profunda leveza,

uma poesia, uma ação, uma vela acesa,

paro de complexar a simples beleza

e propositalmente enxergo o mundo num grão de areia.

Se persistes na falsa comodidade de julgar

ponha as cartas na mesa,

ame, preserve, respire sua única natureza.

Sou mais um carcerário da própria realidade,

mas no meu espaço uma verdade não requer certeza,

uma arte não requer riqueza, um pensamento é livre

e um sonho é mais uma meta acesa.

E se diante das baixas, um rancor,

das páginas passadas eu relembro o amor,

das mágoas aprendo a lidar com a dor

e nos olhares que parecem me analisar,

procuro plantar uma flor.