Descansar

Quisera eu calar-me, contudo, minha voz teima em bradar.

Apenas por um minuto, queria me emudecer.

Navego extenuado nas águas turbulentas da existência,

ao passo que diante dos turbilhões insofismáveis que me afligem,

fecho meus olhos, e vejo, as ondas me transportando para acalmar-me no seio do mar.

Descansar é preciso...

Ainda que apenas por um instante. Então, ouvirei

a canção das águas e do vento, a primeira e segunda voz dando-se em casamento; cantarolando em rimas no oceano do ser.

Descansar é preciso...

Quisera eu calar-me, não obstante o meu desgaste existencial, continuo a me pronunciar, porquanto é mais forte do que eu.

Descansar é preciso...

No entanto, não posso. O mundo necessita de vozes que não se calam.

Quem sabe, um dia, em algum momento, calar-me-ei.

Assim, descanso...

Repousando na poesia - acoplado ao seio do mar.

Dilo Ormund
Enviado por Dilo Ormund em 04/11/2016
Código do texto: T5812996
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