Espontanêo
Escrever...
O que seria isso?
Um dom?
Um ato de coragem?
Ou um sacrifício?
As vezes sobre algo
Quero muito escrever
Mas as palavras
Me mostram
Que naquele momento
Não pode ser
Seria isso um bloqueio?
Uma defesa?
Um escudo?
Me descobri poeta
Mas ainda sinto estar mudo
Dessas letras que
Não planejei
Não as desejei
Escrevi
Mas escrever sobre aquilo que sou
Daquilo que me fez chegar até aqui
Disso nem de longe
Em verdade consegui
Seria eu um instrumento?
Teria algum desígnio maior
A me guiar nesse momento?
Assim como comecei esse poema
Não sei como terminar
As palavras vertem
No papel se escrevem
E tomam forma em seu lugar
Talvez ser poeta
Seja abrir espaço
Para seu escrito brilhar?
Talvez estivesse
Deixando somente meu lado
Narciso falar?
Não sei
Só sei que quando busco
Alguma inspiração
Algum tema para me guiar
As palavras insistem
Em não fazer sentido
Não tomam ordem em seu lugar
Sei que entender
Não se faz preciso
Sei que este poeta
Pode parecer repetitivo
Mas preciso dar
A essas palavras algum sentido
E por um inicio
Sem querer
Que esse poema
Tenha um fim
Sem que eu possa perceber
Que não seja agora
Mas quando as palavras
Que de mim brotam
Assim, enfim o querer
Ana Beatriz