Holofotes em Asas de Anjos Morenos

No centro do palco a luz se acende

Forte, impiedosa, cala minha mente.

Queria eu poder estar dentro das cabeças

Astutas, belas, incompreendidas facetas

E decifrar o que está por vir.

Os olhos focam e desfocam, temem por mim

E porque o fazem? Não sei.

Sinto-me um tolo dentro de roupas vermelho carmim.

Cantei, cansei, dancei, vazei.

Deixei fluir tudo em palavras

E fui.

Estradas, bandeiras,

Desbravadas fronteiras,

Conhecimento.

Um bando de anjos pardos que se alastraram nos holofotes.

Trouxeram luz, conforto, acalento e arte.

Capturaram a atenção da plateia como não pude.

E de meu rito sepulcral foram o alaúde.

Tombei, ouvi risadas.

Chorei, me deram suspiros.

Voei e os lábios se abriram.

Sangrei e aplaudiram.

Hamlet, Demétrio, Romeu.

Um bando de máscaras entrecortadas

Ornamentando o rosto meu.

Dando vazão a ideias aladas

Cobertas por puro véu.

Maldito mocinho de cordel!

Eis que sofro, sofro sem que saibam,

Escorro pelos poros e choro meus relatos

Sorrindo,

Vazando,

Saindo.

Me curvo, é hora do adeus.

Um enxame de palmas ditam que o ator morreu,

Na verdade, jamais estivera ali.

Permaneceu com os anjos, nas sombras,

Esperando a oportunidade perfeita para me invadir

O corpo,

A alma

O fundo.

Eis que essa é a arte,

Expurgando o mal do mundo.

Ladra de Tinta Seca
Enviado por Ladra de Tinta Seca em 19/01/2016
Código do texto: T5516099
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