Holofotes em Asas de Anjos Morenos
No centro do palco a luz se acende
Forte, impiedosa, cala minha mente.
Queria eu poder estar dentro das cabeças
Astutas, belas, incompreendidas facetas
E decifrar o que está por vir.
Os olhos focam e desfocam, temem por mim
E porque o fazem? Não sei.
Sinto-me um tolo dentro de roupas vermelho carmim.
Cantei, cansei, dancei, vazei.
Deixei fluir tudo em palavras
E fui.
Estradas, bandeiras,
Desbravadas fronteiras,
Conhecimento.
Um bando de anjos pardos que se alastraram nos holofotes.
Trouxeram luz, conforto, acalento e arte.
Capturaram a atenção da plateia como não pude.
E de meu rito sepulcral foram o alaúde.
Tombei, ouvi risadas.
Chorei, me deram suspiros.
Voei e os lábios se abriram.
Sangrei e aplaudiram.
Hamlet, Demétrio, Romeu.
Um bando de máscaras entrecortadas
Ornamentando o rosto meu.
Dando vazão a ideias aladas
Cobertas por puro véu.
Maldito mocinho de cordel!
Eis que sofro, sofro sem que saibam,
Escorro pelos poros e choro meus relatos
Sorrindo,
Vazando,
Saindo.
Me curvo, é hora do adeus.
Um enxame de palmas ditam que o ator morreu,
Na verdade, jamais estivera ali.
Permaneceu com os anjos, nas sombras,
Esperando a oportunidade perfeita para me invadir
O corpo,
A alma
O fundo.
Eis que essa é a arte,
Expurgando o mal do mundo.