Foi na vida.

Foi em um livro de filosofia que deixei pela metade,

em gole de Whisky que comecei

mas ouvindo Chat Baker,

não terminei,

foi em um olhar roubado do passado

que na memória eu lembrei,

foi pelo ônibus que passou

e eu não peguei,

foi pelo atraso do dia a dia,

desse corre-corre desenfreado

que um dia me deparei,

não há sentido nessa vida,

não consumada

vivida pela metade,

como gozo interrompido,

amor não vivido,

como pergunta sem resposta,

circo sem palhaço

que graça tem?

Nessa vida tudo passa,

passa logo, e a gente não ver,

que o mais importante,

passa bem ao nosso lado,

e de bobeira não enxergamos

o poço que sacia na nossa sede de paz,

nunca esteve longe,

ao alcance de nossas mãos,

bastava jogar a corda com o balde,

logo viria repleta,

límpida água de salvação,

dessa cegueira inebriante,

que nos embebeda e nos cega de vez,

não nos faz ver que o amor,

que a vida, pulsa,

em plena agitação,

somos carrascos e vítimas,

das nossas próprias ilusões,

sem seleção, toca em todos,

pobres e barões,

toca no clero, toca no leigo,

toca no chefe, no patrão,

no operário que trabalha

com as mãos,

movido por necessidades e pelo coração,

toca no artista, no doutor,

toca até no ladrão,

no viajante, no violeiro que só leva em sua mala

a saudade em forma de canção.

Henrique Sacramento
Enviado por Henrique Sacramento em 19/07/2014
Reeditado em 01/09/2023
Código do texto: T4888511
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