A pétala!

A pétala amanhecida,

Tornava-se transparente,

Fez-me ter uma tristeza profunda,

Ao ver a própria pétala, que definhava,

Que jazia tristemente a minha frente!

Lembrei-me nem sei por que,

De uma mulher de minha vida,

Hoje olhos profundos,

Cheios de enganos,

Face cheia de sulcos,

Seu corpo cheio de anos,

E pus-me em silêncio,

Quanto amor desperdiçado,

Com alguém cheio de desenganos...

Quanta ternura,

Quanto enlevo...

Hoje a vi de relance pela calçada,

Carcomida, face triste,

Lembranças em meu peito instaladas...

Em minha lembrança tanto empenho...

Hoje ela passa quase despercebida,

Pela calçada a frente de minha vida,

Houve amor entre nós em algum passado,

E como a pétala amanhecida em minha frente,

A mulher de minha vida de outrora,

É apenas uma página virada...

Viço noutro tempo,

Perfume a pairar em outros ares...

Porque a vida nos prega estes sustos?

Encontrar e reencontrar a nós mesmos...