CARTA SILENTE A MEUS IRMÃOS

Ouvi além de meus devaneios pálidos
regurgitados em rancores e angústias que lhes ressoaram
e atentai às palavras bordadas nessa folha fria.

Os labirintos da vida não são
como nossos esconderijos pueris,
onde os sonhos sobrepujavam as ruínas porvires.

Nossa mãe ainda é nossa rainha,
nosso pai ainda é nosso herói
num mundo aspergido com pedras de tropeço
entre as quais também caminhamos soçobrados.

Curemo-nos, sobretudo de e em nós mesmos, pois
é chegada a hora cicatrizar feridas,
e aceitar as verdades e as escolhas do momento,
sem nos vestimos de alvos que também não somos,
que o herói está cansado nas veredas rupestres.

Devemos atar nossas angústias,
adstringir nossos pensamentos ruins,
ladear nossas incompreensões,
amainar nossos corações,
e abranger os ermos com nossas fés,
porque a flor que nos gerou
amava o cravo que ficou.

E a flor, que ainda sofre, necessita
que superemos nossas pusilanimidades
para que possa singrar em paz aos braços de Deus.

E mais nenhuma palavra esquálida,
e mais nenhuma conjectura inválida.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 13/09/2013
Reeditado em 13/09/2013
Código do texto: T4479985
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