A verdade sobre a história de João e Maria

João se contenta em ser mais um no monte,

De pessoas,

Verdejante,

E se mata a fome que mais há para querer,

Como os índios,

Mata a sede no leite,

No amor,

Como todos;

O pai de João, não;

Pessoinha,

Pessoa medonha

Quer fama e fortuna,

Lançou João e Maria na perdição,

Botou-os na rua, aos cuidados da ocasião,

Entregou-os para adoção,

De qualquer pessoa peçonha,

Qualquer pessoinha,

Medonha;

Aos cuidados ternos de uma bondosa senhora,

Que hora sim outra também não deixa de elogiar,

Os talentos de Maria,

E de como João ficaria,

Se engordasse um pouco mais,

Senhora de mãos talentosas,

Que não cansam de massagear,

A massa e o bolo,

Pessoa de forte cheiro de façanha,

Pessoinha má,

Medonha;

No entanto deu a Maria,

E a João o que deveria,

A fórmula da fama,

E a fortuna,

Tudo que seu pai ansiava,

Pessoinha estranha,

Medonha,

Como muitos.