A Caixa

Em qualquer caixa eu caibo;

Qualquer cubo,

Que me segure;

E me assegure um canto e...

Dentro de mim um conto encaixa,

No meu estofo:

Seixos,

Pão dormido,

Palha de esteira,

Sol e lua,

Fronhas de algodão,

Passarinhos de muitas plumagens,

E seu canto;

Se me apertar te enfaixo,

De corpo frouxo e...

Acabo-me, acabo-me,

Em cada metro cúbico de teu abraço;

Por teu amasso,

Em minha alma,

A voz levada de quem me carrega:

Para o sítio,

Para a rua,

Para Roma,

De fita,

Ou sapatilha

Para o céu,

E depois, eu apenas, boneca de pano,

Retorno novamente para a caixa,

Onde a sua fidelidade murcha.