Pedaços

Ah! Que triste destino têm pessoas como eu que mastigam antes de comer a verdade,

Melhor seria engolir sem mastigar, assim as mentiras se tornariam potências e verdades.

Esqueceria eu dos traumas que me feriram e ferem, como uma amnesia anestésica,

Mas a mente não se separa do corpo, e a anestesia morre e a dor ganha plenitude e força.

Quanta esperança me resta? Quantos destinos sobraram? Quanto amor ainda há?

Destruí-me em tantas partes quantas foram necessárias para suportar a mim mesmo,

Em quantas eu pude suportar, e até, as que nunca suportei, mas pouco aprendi,

E muito aprendi, com os restos juntados com as sobras do que era eu.

Às vezes sobraram apenas ninharias, pedaços de nada, tão pequenos que não se viam,

Que acho que uma explosão atômica invadiu-me, destruindo-me a esmo.

Desses pedaços não sobraram quase nada, apenas cinzas ao vento.

Assim, meu eu espalhou-se pelo mundo, gritando em seu gesto de dor.

Os analistas ao meu redor sempre me diziam coisas que não me serviam,

Porque serviam apenas para eles mesmos para com os outros, mas não consigo.

Como acreditar em alguém assim? Falta-lhes compressão e às vezes caráter.

Não por não serem eles capazes de compreender, pois até se julgam sábios,

Mas simplesmente por negarem a compreensão por orgulho ou vaidade.

Mas das flechas que atiram contra meu peito e a dor se faz presente,

Quem sabe um dia também ardera em suas mentes ocas, profanas,

Pois não há cegueira tão profunda que não enxergue o sublime amor, e isso dói.

Talvez a dor crie estímulos para a vida, e a vida estímulos para a morte.

Desse modo, talvez o desconhecido esteja para mim cada vez melhor, sem destino.

Que eles neguem a dor que me causaram pelas falácias mais absurdas,

No entanto, “todo homem é uma ilha” e só ele sabe sua dor e renúncia.

Quem não muda jamais cresce, jamais vive, e morre de solidão ou tédio.

Então, que a minha doença seja para eles remédio, e que minha destruição

Seja a forma mais sensata de expressar o amor, o perdão, e a própria vida.

Quem sabe, talvez, um dia a compreensão lhes bata a porta antes de minha partida.

TAS
Enviado por TAS em 12/06/2012
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