Narciso
Aquela imagem que empalidece as horas,
E ruboriza tudo o que é tranquilo;
Do lado de cá, existir,
Oposto por um precipício, onde,
Do lado de lá, é ser.
Nada contraria a vontade da superfície na lâmina calma da água neste lado de cá do espelho;
Porém, ao mergulhar no reflexo,
Na profundidade da íris das águas
Confronta uma figura terrível,
Os olhos petrificantes de uma mulher, serpente impiedosa,
Um velho,
Carregando na face, vincos, por onde escorrem muitos lamentos,
Olhar de sereno;
Sorriso de abismo;
Belo como o mais perfeito Réquiem.
Essa flor roubada da aurora fria da manhã;
Encontra o eco de seu ser,
Seu oposto complementar.