A DAMA DA NOITE

Mal a noite era chegada, já se a via apontar à esquina da rua,
Passava à minha frente, deixando um aroma no ar
Tal que me embriagava os sentidos.
Tinha os cabelos longos e negros que se impunham imponentemente

Ao passar, pronunciava sempre um “boa noite”,
Acompanhado de um sorriso de encanto único.
Ajeitava o pequeno tapa-seios e a minissaia,
Deixando-me tomado de delirante emoção.

Um misto de amor, desejo e paixão fazia
Meu peito vibrar como um relógio que desperta.
E ela passava, seguindo impetuosa como o vendo da tarde,
E delicada como a brisa da manhã...

E, como todos os dias, ela passasse sempre à mesma hora,
Ficava à espera, vez ou outra frustrada,
Quase sempre recompensada com sua chegada,
Sua simpatia, seu sorriso, sua beleza e cheiro extraordinários.

Bem sabia de seu ofício e invejava
Aos que a tinham em seus braços...
Mas, moleque ainda. Não me era permitido senão olhar
E sonhar, tristemente, como os poetas o fazem,
Desejando, um dia, poder ter aquela mulher.

Péricles Alves de Oliveira

 
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 29/03/2011
Reeditado em 19/08/2013
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