Compulsão
Cibele Carvalho
 
Mais um dia se inicia,
minha mente, aos poucos, desperta
 e vem-me, logo, a vontade
- não, a necessidade -
de escrever uma poesia.
 
É um impulso que me arrasta
e domina os meus atos
- de mim, ele não se afasta,
 se não ponho no papel
palavras que me vêm à mente,
e que brotam, de repente.
 
Aos borbotões, sem descanso,
os versos já saem prontos,
com métrica, rimas e pontos,
sem uma hesitação, sequer.
 
A mim, parecem ditados
pelo meu inconsciente
que se expõe, de repente,
 e expele aquilo que quer.
 
Coisa mais estranha, essa,
palavras que sentem pressa
de alcançar o mundo lá fora.
E se mostram, sem pudor,
com pouco ou muito esplendor,
com tudo ou nada a dizer.
 
Elas, simplesmente, "são",
se acham, se espalham e explodem
com a força de um vulcão.
E, ao se verem transcritas,
suas verdades já ditas,
elas, então, se vão.
 
Recolhem-se à minha mente,
para retornar, somente,
na manhã do dia seguinte,
quando eu, a sua ouvinte,
voltarei a recebê-las e,
no papel, transcrevê-las.
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RJ, 04/04/10