CAMINHANTE

Como caminhante neste universo, nos meus momentos meditativos, por vezes fico a pensar...

Quem sou eu no contexto do universo? Penso em Deus, penso na vida, penso em tudo que me cerca e me interrogo a respeito da função de tudo quanto vibra, de tudo quanto existe sob os céus e guardo grande ansiedade de saber sobre mim mesmo.

Serei um caminhante solitário, em meio à gigantesca massa humana, destinado a encarar complicados problemas, a enfrentar desafios?

Serei um átomo excitado diante dos esplendores das incontáveis galáxias, às vezes sem rumo, sem destino certo, sem onde querer chegar?

Serei, porventura, produto da casualidade sem projeto, sem vida, sem evolução, sem razão de ser?

Serei alguém fadado ao sofrimento, a chorar de pesar em todos os momentos, sem a ânsia do amanhã?

Serei um ser destinado à intensa dor, duradoura, sem esperança de tempos melhores, e de felicidade?

Serei um indivíduo levado pelas mãos do desencanto à estalagem das ansiedades e das frustrações?

Como explicar-me a mim próprio como um itinerante aprendiz das pautas do infindo cosmo?

Somente há dor e fel por onde eu possa trilhar, como se toda a existência não passasse de um fumo entediante, a sugar minha vontade de avançar, de sorrir, de louvar?

Retornando à fonte do meu eu interno, vejo que há lucidez em cada vida, ordem em cada célula, em cada átomo, em cada ser que erra, em cada ser que acerta!

Sinto que não nasci para ser triste, viver na dor, no gemido e no pranto, nem para ser santo, mas nobre, para conquistar o universo, e com Deus, vibrar na alegria, no tempo longínquo, acobertado por seu manto!

Sinto que sou caminhante do infinito, e, não obstante a dor e a tristeza, a amargura, o choro e o grito, embora estando na terra entre teimosias, insensatez e crueldade, meu destino é sem dúvida a realeza!

Sinto que nasci para servir, ser feliz e amar, e cheguei ao mundo nos planos do Criador, que espera que me faça um lavrador a semear nos corações as sementes de esperança, de alegria, de paz, e onde quer que eu vá, transmita a vida e a harmonia!

Sinto que sou cidadão universal, irmão da humanidade, filho do Deus altíssimo, dotado do melhor recurso para fazer brilhar a divina luz em mim, e, ante os desafios terrenos, dizer não ou dizer sim, com responsabilidade, com razão, mas com ternura!

Sinto que sou caminhante da eternidade, dedicado aprendiz buscando disciplina, revestido de um manto de matéria fina, simples no meu querer, formoso no meu ser, puro no meu ver, calmo no meu dizer, pulsante no meu viver!

E agora que me vejo na certeza que me assegura a estabilidade na consciência do que sou, imerso na evolução, me completo a cada dia vivendo a certeza do presente, transformando o futuro, sem ver-me um astro, mas brilhante nas rotas do infinito!

benedito bacelar