E VOU...

Vou como se andasse por nuvens da Eternidade,

Ora me esqueço de quem sou, ora me policio,

E canto, e lamento, e choro.

Meu último descanso foi à sombra de um Cacto,

Com minhas retinas fatigadas, vi o Sol, toquei na Lua,

Depois, me atirei no oceano como se pudesse dessalgá-lo.

Se sorri, se me derramei em delícias, é porque morri,

Morri em abraços longos, morri nos olhares de Esperança,

Esperança que assiste nos Silêncios das significações.

À meia-noite, senti, em meu Espírito, o badalar de Chopin,

Arranco estrelas, construo outros firmamentos,

E, no Espelho da Verdade, me consolo, me Espanto.

Há bilhões de galáxias, são infindos os Sonhos,

Mas, na perseverança das Quimeras,

Amazonas e Nilos de amor-feliz são desbravados.

Sou, na essência, Ornitorrinco das verdades,

Em cada pedaço, um fragmento do Todo,

Não apenas partes de uma engrenagem isolada.

Vou como se andasse por nuvens da Eternidade,

Ora me esqueço de quem sou, ora me policio,

E canto, e lamento, e choro.