A morbida vida de um trabalhador... Sem Oportunidades

O rotineiro som do despertador soa

mais um instante

mais um suspiro

mais um dia de trabalho

só mais cinco minutos de sono

de olhos fechados em um lugar onde nada pode te desgastar

sem sonhos, sem pesadelos, esta foi mais uma noite que se passou como um piscar de olhos

Um instante toma-se um fôlego a mais de coragem

Senta-se na cama ainda sonolento,com a terrivel ideia de ter que ir para aquele lugar, só mais uma obrigação a se cumprir

Semblante desbotado no espelho

um banho rapido, um café amargo

veste um sorriso nos labios, toma o onibus lotado

perde toda paciencia...

é desrespeito, é confusão

a maior parte da cidade parece estar na rua

ironicamente, parece ter umas tres cidades dentro deste coletivo

Enfim chega-se ao destino...

um outro suspiro atraindo mais um bocado de coragem

veste-se do sorriso que perdeu no percurso

e lá está sentado, ligando o computador

atendendo cordialmente alguns telefonemas.

As paredes parecem se estreitarem

Sorte de quem tem uma janela com vista para algum canto da cidade.

Tudo é monotono desde o sistema no seu micro até as velhas pastas de arquivo, a rotina te engole, você vê que não tem amigos lá dentro... só falsos que te sorriem mas te deprecia pelas costas. Você acaba entendendo como funciona esse meio de poucos amigos e muitos porcos nojentos.

Você fica cada vez mais quieto, mais na sua, a vida perde o gosto, você simplesmente liga no piloto automático "sim, senhor... não senhor ... um instante ... claro senhor"

E de repente em uma terça-feira de tarde modorrenta você se pega pensando "se trabalho fosse bom, Deus não teria dado como castigo", mas aí acaba rindo da bobagem que pensara.

Mas aí é que está o "X" da questão, se você o perde, falta enlouquecer a procura de outro... e sempre vêm os pobres salarios, funções e pessoas como um campo minado...

Aí jaz um mal necessario... ruim com ele, pior sem ele. Você passa a vida em função disso, trabalhar é vender tempo, você passa mais tempo trabalhando para um idiota do que com as pessoas que realmente gosta... A correria da cidade grande sempre te engole, afasta os corações, e quando se toma ciencia já é tarde para calcular o quanto da vida foi perdida... ferida, com coisas futeis que ocupava e tomava o que você chama de tempo.

Dois aliados:

O pequeno: Horario de almoço.

O Grande: hora de ir embora, este é o mais anseado, é o que retoma o brilho nos olhos e o sorriso sincero saindo meio de lado, mas esta alegria é abafada quando se entra no coletivo novamente, só que desta vez com um ingrediente a mais: o mal cheiro.

Ahhh, me acudão.... o pensamento vai longe...

- aprendi as equações e teoremas, decorei a tabela periodica e tudo pra quê? estar nesse onibus insuportavel, enquanto... onde estará o presidente da republica, agora? -

é melhor deixar os pensamentos de lado, pôr os fones de ouvido e me perder em musicas.

Enfim dormir, mal humorado e a ponto de explodir... mais uma vez a noite passou num piscar de olhos e há tanto enfado, a falta de animo é latente... e hoje?, hoje começa tudo de novo... exercício constante em conter-se...

- Ora, que sofrimento para tornar este trabalho mediocre deglutivel.

Ouvido:

"Eu não preciso de promessas e acho que você também,

Eu não tento ser perfeito e acho que você também.

Dias e noites, pensando no que fiz,

Eu sou um vencedor, eu lutei pelo o que eu quis,

Mas quando não se pode mais mudar tanta coisa errada,

Vamos viver nossos sonhos, temos tão pouco tempo."

Diane Gardim
Enviado por Diane Gardim em 06/09/2009
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