Lágrimas

Chuva que cai incessante e inverna

Sangra fria e débil sobre a calçada

Tão insolente e igual que usurpa o tempo

Na pouça que surge, eterna e farda

Do quarto de onde finjo transcendência

Ouço seu murmúrio arfar maldito

Dissolve o último fio daquilo que acredito

Repete o maçante torpor da existência

Não sei porquê em mim me dói a chuva

Em vão invento esses céus que choram

Se a lágrima distorce e cria a visão turva

Lá fora os rios e plantas comemoram

Deixe fundir-se no dia cinza a quimera

Que este setembro em cores já floresce

Já veste o dia o doce véu da primavera

eldio
Enviado por eldio em 24/07/2018
Reeditado em 04/09/2018
Código do texto: T6399345
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