Buracão

Da sua imobilidade pode sair

Tanta vida, tanto som

Das suas pontas angulosas

Pode sair tanto movimento

Força adormecida das rochas,

Arte esculpida pelo vento...

Da sua escuridão

Pode sair tanta beleza

Da sua superfície áspera

Tanta singeleza...

Majestade humilde,

Sal e sedimento que acolhe

Para mostrar a perfeição

A grandeza desta imensidão

A quem, por sorte, te olhe

Sua solicitude não reclama

A doação abandonada de quem ama

Mas eu, um nada de luz,

A esperança de um raio tímido de sol,

Reconheço-te e me obrigo

Agradecer a existência desse abrigo

Refúgio para onde sempre corro

E me desligo,

E quase morro,

E me castigo,

E me consolo,

E me desnudo,

E me socorro,

E me perco,

Para encontrar comigo.

Andréia Borges
Enviado por Andréia Borges em 20/07/2017
Reeditado em 30/10/2017
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