O cão que mora em mim

Cães a muitos desagradam

pensam ser bicho ruim

De lhes cheirar o traseiro

Não estou muito a fim

Pois estes sempre enxotam

O cão que mora em mim

Se espantam co'uma pulga

Se horrorizam com as fezes

Como se o cão fosse assim

Um baú só de revézes

Não apreciam os segredos

que nos contam aos ouvidos

nos pedem colo e carinho

Cuidam-nos qual querubins

E os que não os vêem assim

Fazem fugir para a toca

O cão que mora em mim

Correndo sem limites

Tal pequenos cavalinhos

Giram antes de deitar-se

Para amaciar seus ninhos

Saltam uns sobre os outros

sem precisar trampolim

Estar sempre junto ao dono

É o desejo pr'um bom sono

do cão que mora em mim

De barriga para cima

se espicham espreguiçando

para nós também passando

vontade de espreguiçar

Bom dia; lambida quente

pra acordar alegremente

Um bichinho, um carinho

um convite pra brincar

Jovem fêmea, macho amigo

Grande ou pequeno conhecido

Identidade reconhecida

pelo olfato te sigo

Sedento por te encontrar

Pata levantada em respeito

Tradução de amigo do peito

Educados pelos focinhos

Enterram brinquedos e ossinhos

Latem sempre com algum motivo

E é triste ouvir o insensível

Que diz que o latido canino

É um barulho terrível...

Que não tem como parar

Dá-lhes água e carinho

Cura-lhes as doenças

Protege-os do frio,

da fome e da solidão

Dá-lhes um limpo abrigo

Um companheiro, um amigo

e um lugar para brincar

E mais que rapidamente

Verás tornar-se silente

o mais barulhento cão

Co'um riso no canto da boca

Dormindo espichado ou enrolado

escondido em sua toca

Até que os pássaros anunciem

Da silente noite o fim

E boceje boquiaberto

Esticando o traseiro ereto

o cão que mora em mim.

Dark n Blue
Enviado por Dark n Blue em 03/09/2016
Código do texto: T5748674
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.