O Mar da Emboaca

O mar da Emboaca se espraia pelo Ceará

E se restringe ao município do Trairi

Encravado entre Flexeiras e a praia de Mundaú

O que tem de bonito e saudável está ali.

O dia resplandece fulgurante

A preamar rende-se às pequenas ondas

Salobra é a umidade do vento frio

O clarão solar que aquece também encoraja.

Ao longe, na turbulência das águas

Navegantes em cruzeiro em alto mar

Aqui na calmaria da praia da Emboaca

Água aos pés de quem está a caminhar.

Paraíso tropical que nos conquista

Presente da generosidade divina

Terra de saborosos frutos do mar

E de muita hospitalidade humana.

Ainda sem sol, muitos a trabalhar

Muita coragem para enfrentar o mar

Barcos a se empurrar para as águas

Redes e anzóis na proa a entrar.

Lá se vão os valentes pescadores

Em terra ficam os amores e o lar

Singram num mar de incertezas

A esperança é o que tem pra pescar.

Calões de peixes muito arqueados

A fartura se evidencia em cada lado

Pescador generoso e muito apressado

E a maré hoje está pra muito peixe.

Sempre uma onda se espraia pela terra

Crustáceos que saem e que entram na areia

Pedras soltas e lisas a margear

E ficam a rolar a cada onda a quebrar.

O vento que sopra se transforma em brisa forte

O sal arde em cada olhar

O sol queima nossos corpos

O movimento das águas nos convida a mergulhar.

O mar em movimento paira criatividade

Suas águas nos fazem refletir o momento

A onda ao quebrar toca uma sinfonia divinal

A vida começa no útero do mar.

Nada mais romântico do que a abstração das ondas

As águas um oceano de poesias

As ondas um poema pra se curtir

A imensidão do mar nos traz inspiração.

No horizonte, águas tranquilas por lá

Na superfície, reflete a fulgente luz solar

No ocaso, o findar com o lindo por do sol

E o crepúsculo a nos abrandar.

À sua frente, um paredão de alvos morros

Uma dádiva que a natureza nos contempla

Ali, dunas brancas sempre em animação

São grãos finos vindos de rios e do ribeirão.

Coqueiros que balançam à beira mar

Ventos muito a soprar

Finas areias sempre a rolar

E o sol sobre o mar a circular.

Sereias que ardem à beira mar

O encanto é o balanço do mar

O mundo sempre a girar

E a maré que enche está sempre a vazar.

Bonitos peixes sempre a saltar

As nuvens sombreando as águas em ondulação

Jangadas sempre a singrar

E as ondas nossos pés a molhar.

Bonita áurea crepuscular nas dunas à beira-mar

Na aurora brota a esperança à luz solar

No ocaso o sol se põe em cores para o céu iluminar

Logo surge o clarão lunar para mais nos aconchegar.

No mar jangadas a pescar

Na praia outras velas a secar

O farto peixe chega pra nos saciar

No horizonte a bonita imensidão do mar.

O sol parece nascer no mar

A maré finda na terra

As estrelas vão brilhar no azul célico

E a brisa fria faz o amor esquentar.

Vai-se o dia, a noite chega serena

A escuridão nas águas a dominar

Luzes que navegam em alto mar

Ao longe um farol a nos orientar.

Silenciosamente cai a noite fria

As águas ficam serenas a repousar

A lua traz a sua beleza pra nos encantar

E no mar seus raios a cintilar.

Nuvens brancas que se vão

Grãos de areia com o vento a rolar

Claridade do ocaso a nos ofuscar

E as estrelas anunciam a ausência solar.

Um largo caminho à beira-mar

Na orla, casas simples por lá

Ondas fortes na ressaca a quebrar

Jangadas na areia pra pernoitar.

É a bela e difícil vida no mar

Mas tem um encanto pra decifrar

Se água não tem cabelo

Como têm sereias por lá.