Castanheira Bertholletia excelsa

Há mais de quatrocentos anos germinei este chão

Crescia lentamente de galho em galho,

folha em folha de inverno a verão

No outono usava estratégia derrubando

minhas folhas para suportar manhãs e noites frias

Assim reduzia ao máximo o gasto

da minha energia

Aos poucos fui ganhando espaço e

fortalecendo as minhas raízes com muita dedicação

Enfrentei sol, enfrentei chuva, também

raio e trovão

À medida que ia me desenvolvendo

ia ganhando espaço nas alturas

Já produzia frutos com tamanha

fartura

Ali, alimentava os roedores, os micos e

até mesmo o homem

Com tantos frutos de qualidade

ninguém ficava com fome

Fui condenada à morte sem

ter nenhuma culpa

Na estatística da extinção isso

muito me preocupa

Ao meu redor foram construídas habitações

sem analisar a minha presença

hoje sou uma castanheira idosa

que só me restou uma sentença

Há centenas de anos estive por aqui

mas nunca era notada

Hoje até em forma de poema estou

sendo citada

Nos meu últimos dias de vida

fiquei famosa com tamanha repercussão

Entrei até pra redes sociais que causou emoção

Sei que viveria ainda cem anos a mais

porque é a idade da minha espécie prevista

No entanto a vinha existência será ceifada

de maneira egoísta

Hoje estou sendo arrancada da minha terra e triste deixo um recado ao homem

Aproveite o que tem de mais belo da natureza

ao seu redor de forma abundante

Não espere o fim das plantas, dos animais e das

pessoas para perceber o quanto somos importantes.

Autor: Jilmar Santos

Jilmar Santos
Enviado por Jilmar Santos em 17/08/2016
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