Tempo do Ocaso

Outono, é difícil não se apaixonar por dias assim

Céu tão azul que mais parece caçoar dos mal-humorados

Vento frio que canta o dia inteiro

Sol quente pra esquentar de volta tudo o que o vento esfriou

Neblina ao amanhecer, e, ao anoitecer,

Beltegeuse, Rigel, Procyon, Sirius, Mintaka, Alnilan, Alnitaka

O Cinturão de Órion e a sua nebulosa

E setecentas estrelas em formação na constelação da estação

Apague as luzes da cidade por uma noite, pois há muito para ver

no céu limpo das delicadamente frias noites de outono...

Prepare uma bebida quente esta tarde e preste atenção...

As entrelinhas do azul denso e etéreo

As nuances entre o calor do verão, e a frieza pura do inverno,

transição palpável.

Mais frio que o quente e mais quente que o frio gélido,

equilíbrio.

A alegria mundana e inconsequente já passou, mas a melancolia

jamais terá lugar para si.

Apenas a euforia de viver o belo e novo meio-termo empolgante

O meu jardim da frente já está forrado de folhas secas

E se venta, todas elas dançam um ballet amarelado, em tons de

vermelho, laranja e marrom

E enquanto o café que está na xícara, afaga a minha alma,

eu observo. Absorta. Maravilhada.

Dias assim tem cheiro de coisa boa, de novidade,

de novas alegrias para o coração.

Enquanto há quem diga que há beleza somente no verão,

eu faço questão de me posicionar

Quem diz assim, esquece-se de lembrar que há beleza

em cada estação. Particularmente. Peculiarmente.

Outono austral, tempo do sol poente.

Débora Cervelatti Oliveira
Enviado por Débora Cervelatti Oliveira em 04/10/2015
Código do texto: T5404413
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