UM DIA DE OUTONO
A névoa fria paira no ar,
Deixando a paisagem misteriosa.
Gotas de orvalho ficam a oscilar
Das rosas vermelhas tão preguiçosas.
Após a noite de outono,
As hortênsias despertam joviais,
Mas as camélias mesmo com sono
Não deixam de ser cordiais.
Uma pequena aranha volta a tecer
Sua teia intrincada
Enquanto uma menina vê nascer
Uma andorinha bem delicada.
As carpas nadam elegantes
Como se estivessem a bailar.
E as rãs continuam saltitantes,
Só parando para se camuflar.
Aos poucos o calor aumenta
E a bruma tênue se desfaz,
Mas a borboleta sedenta
Com o néctar se satisfaz.
Indolente e sem pressa
A manhã dá lugar a tarde,
Que sem fazer qualquer alarde,
Chega repleta de promessas.
Por fim, vem a noite majestosa
Com sua lua toda reluzente
E as orquídeas meio que dengosas
Esperam ver uma estrela cadente.