Gaiolas
Aprisionaram
Um macho
E uma fêmea
Colocados lado a lado
Pelo destino manifesto
Ela solitária
Ele réu confesso
Juntaram-se o desejo e o ensejo
Ambos embalados pelo assobio
Do vento nas frestas das gaiolas
Um arrepio na espinha dorsal
Sacode a libido da fêmea
O macho com sua dança de acasalamento
Deixa a fêmea endoidecida
Atordoada pela energia sexual
Cede ao coito frenético do macho
Num namoro surreal.
A partir de então tornam-se
Amantes, amigos, companheiros.
Ela se encanta com a masculinidade;
Ele com a fragilidade feminina
Declara-se dizendo assim:
Tu és uma medalha
Que trago junto ao peito
Grudado ao coração
Pra que nenhum outro
Ouse roubá-la de mim.
Ela lhe responde:
Teu coração é o tesouro
Aonde deposito o ouro
Dos sentimentos que tu,
Coração alado,
Ainda que preso,
Permanece ao meu lado.
Um dia eu quero não só te amar com os olhos
Mas poder voar contigo por aí,
O voo dos corações apaixonados.
