EXTINÇÃO
EXTINÇÃO
Hoje é difícil sentar por alguns minutos
Olhar para o céu, relembrar que ele é azul...
Colher uma flor, sentir seu aroma
Hoje parece que o amanhecer tem pressa de anoitecer
As respirações transluzem rapidez
Os corações pulsam ambições
O canto dos pássaros se tornou parte da rotina
Não se observam mais as cores dos canários
E nos olhos, apenas o reflexo da glória...
Dorme o amor ao lado do ódio...
E nas faces, o despertar da procura
Onde se refugiou a humildade...
Talvez embaixo da liberdade das aves...
Hoje, é difícil crer que a natureza sustenta a vida
Pois nossas mãos atrevidas, á fere, á aniquila...
Quem se propõe a ser poeta,
Quem se submete a amar a vida...
Olhar para o céu e adotar uma ave...
Olhar para a terra e adotar uma fera ferida...
Nas faces, gargalhadas transbordam estafas,
Quem se prontifica a se alimentar de fé...
Buscar em Deus a cura,
Plantar a flor do amor nas avenidas...
Pausar para aprender com o horizonte
A ser insaciável e constante...
Despir-se do invólucro cego das histerias
Para inclinar o ouvido para escutar
O que a morte não pode falar...
O amanhã será o resultado do hoje,
Será a capacidade do jovem que envelheceu...
Somos os elos da corrente...
A espécie que ainda sobreviveu...
Poesia Marisa Zenatte