E NO FIM...

E no fim...

Tudo foi passageiro

Rápido foi o passarinho

Não quem chegou em primeiro

Que ousou da liberdade para voar

Mesmo tão alto lá do seu ninho

Não usou as penas como boá

Mas viveu feito menino

Da madeira fez casa

Sua morada era jacarandá

Se sobrou virou banco de praça

E lá no teu campo ele foi farfalhar

E você que o desejou numa gaiola

Para poder ornar sua feia vidraça

E ouvir o triste trinar na aurora

Recluso no leito de argamassa

Enquanto houve sol

Você procurou a sombra

Achou protegido com aerossol

E o teu relógio agora era a bomba

Ele não quis aprender o seu dialeto

Pois se até peixe morre no anzol

O que caberia a mim de certo

Lá no céu sem o arrebol

O teu não terá o bastante

Mas a gaveta será de concreto

Tua história não será um romance

O personagem terá destino funesto

E no fim?

Seremos estrangeiros...

Morando no mesmo lugar

E sorvendo aos poucos!

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 16/05/2024
Código do texto: T8064775
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