Martírio

Se pensam no espírito humano como essa energia infindável

de mudança, que se expande até alcançar o céu

Não se esqueçam que o espírito também se retrai

e desce pela garganta até a escuridão dos segredos mortais.

E a cada geração, uma criação para outra destruição,

a lamúria do luto subjugado por uma felicidade amarela;

Desamparados pelos deuses, alimentados de solidão,

devorando os sonhos da humanidade singela.

Como um coração faminto e impaciente

pode não guardar as promessas que fez,

pois o sono não lhe alcança mesmo quando a fadiga lhe sobra,

a solução única é aquela de muitas faces quimera oculta

Desolado eu chorei com o coração amargo,

meu pranto quase sussurrado,

meu semblante mais que retraído,

o rosto daquele que lutou, mas foi vencido.

Descontente dos frutos colhidos,

minha força míngua para ir à caça,

e o que de meus ossos restam, mórbidos

chacoalham sob a luz da lua, imperativa mas trapaceira.

E o desespero ruge, invadindo os ecos da noite

Os medos da vida ainda pulsantes

como se eu tivesse um coração.

mortal é o desejo da noite eterna quando não se pode morrer;

mortal é o desejo do brilhante oblívio quando não se pode esquecer;

De joelhos sobre a várzea desolada,

rezo uma última prece

na esperança de que minha voz alcance

um deus que se importe,

e me conceda o eterno abraço dela

que brilha mesmo quando não há luz

que é certa mesmo quando não se há razão

que com sua carruagem me espera.

Fernanda Loyola
Enviado por Fernanda Loyola em 20/01/2022
Código do texto: T7433743
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