FENIX

Plantarei na terra que dormes,

junto as cinzas e os vermes,

as sementes da minha vida.

Que regarei com a saudade.

Para que também, semelhante a tí,

seja erguida como uma Divindade.

Ah! minha ferida, que bálsamo porei sobre tí ?

Agora que molhei a terra com a saudade,

espero ver brotar do chão do meu coração

esses versos de cumplicidade.

Renascerás flor, e a alegria será seu colorido,

sua bondade teu perfume.

Não mais um pássaro, um vulto do além,

só o objeto do meu ciúme.

se meus beijos não te despertares,

voltarei outro dia, menos combalido.

se minha amada na terra dormes,

haverei de dormir também.

É em silêncio que se fala de solidão.

Levo as mãos ao rosto e respiro,

o resto do perfume que ficou.

O silêncio, som da sua não respiração,

desesperança, amargura e negrume

foi só o que restou.

Minha vida que contigo sepultei,

aos poucos vem surgindo, se imiscuindo,

se impondo diante do que fantasiei,

como hera se enlaçando,

avançando em direção ao céu.

Será que renasci e não sei ?

Vejo te ainda de pálpebras fechadas,

diáfanas, transparentes como um véu,

por trás, seus olhos que nada me dizem,

só predizem, o que não quero admitir...

... a FENIX não quer ressurgir,

não quer ao nosso sonho retornar.

"Agora tudo pó(...) agora tudo cinzas(...)

agora a Memória dela está em poucos versos.

A morte, também vem para as pedras e os nomes!"

(Aguardando a ressurreição da FENIX.)

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 09/04/2020
Reeditado em 09/04/2020
Código do texto: T6911071
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