Sou fruto dessa insana existência

Sou fruto dessa insana existência

No curto prelúdio da evanescência

Nesse mistério que se chama vida

Perfeitamente desenhada para o sadismo

Inevitável estrada de fatal abismo

Levando ao mundo mais dores nas despedidas

Então observando os mundanos tetos

Aos poucos fortalecendo o meu desafeto

Por aquilo que habita e que logo passa

Vendo abaixo da pele os esqueletos

Encarando a humanidade como gravetos...

...lançados ao fogo e logo serão fumaça

E pus meus olhos pra aquilo que apodrece

Tal atormentado preso em negras preces

Alimentando-me do mundo subterrâneo

Já fatigado dessa vida que tortura

Trilhando a via atra da loucura

Pavimentada de ossos e crânios

E da existência social me esquivo

A insossa e vã convenção dos vivos

Que esvai feito a areia da ampulheta

Presos em um estupido jogo de egos

E a moralidade como um fino prego

Não aguenta o peso de falsas facetas

Fazem política ao véu da hipocrisia

Logrando os tolos com a diplomacia

E pelas costas comerciam a guerra

Um mundo podre de aparência e futilidade

É onde transborda meu ódio pela humanidade

E prefiro os vermes debaixo da terra

Em meu ultimo resquício de lucidez

Prolongo esta aziaga morbidez

Este agouro, desejando a morte

A audiência deste ser medonho

Que não demore o mal que eu proponho

Pois tenho por caridade esta má sorte

Um ser amargo de inclinações nefasta

Encontrei meu lugar na matéria gasta

Sobrecarregado de paixões funestas

No apodrecimento dos tecidos

E para os vermes ser reduzido

Ao prato principal de sua festa

E ser devorado até sobrar os ossos

E que o tempo aniquile meus destroços

Ver por fim meu ultimo anoitecer

E então em rumo a orbe elevada

Será toda minha essencia apagada?

ou hei de desvendar a plenitude do ser?

Thiago Araujo
Enviado por Thiago Araujo em 28/06/2018
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