A morte tragicamente trágica

A morte tragicamente trágica

Se vai ao ver a vida bela e sofrida

Não pode leva-la para outra esquina

A esquina onde está a menina que sonhava em ser reconhecida

Agora está dobrando a avenida em busca de homens que a veneram por alguns momentos em seus desejos sórdidos

Com o frio sangue que corre pelas cortinas

Cortinas fecharam as janelas do quarto bagunçado

Onde aconteciam atrocidades aceitáveis em meio a gemidos e cigarros queimados

E lá na mesma esquina pode-se ver a mulher que não é chamada de mulher

Que se deu para a vida

E em seu RG escrito vadia

A tragédia tragicamente se chama de vida

A vida logicamente se torna sofrida

O Sofrido inevitavelmente é aceito como algo divino

E a menina se coloca de joelhos e recita suas preces em silêncio

A menina está de joelhos, porém, suas preces são sufocadas por um boquete desordenado

Que revira os olhos de um homem que sente que fora abandonado

A menina já orou para a vida

Por ela não foi acolhida

A menina implorou para a morte

A chamou incontáveis vezes

Através de tragadas de seus cigarros

Através dos cortes em seus pulsos e braços

A morte se comoveu com o que via

E finalmente, carinhosamente, em seus braços carregou a mulher que ainda tinha alma de menina.

Regiane Abelha
Enviado por Regiane Abelha em 19/11/2017
Reeditado em 20/11/2017
Código do texto: T6176588
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