Cansei de não morrer
Cerrei os olhos e respirei,
O último resquício de ar me deixou.
O peito inflou e assim suspirei.
Aliviado por não ter mais rancor.
Da vida, das pessoas, do mundo.
A solidão trouxe o manto
A escuridão, o travesseiro.
Repousei moribundo,
Sem mais prantos.
Deliciando-me do último devaneio.
E vem, doce morte.
Embala o sono do pobre sofredor.
Aninha a mão calejada
Desembainha a espada
E acaba com a dor.
Um golpe, um movimento.
Sem solução.
Vem a mim a qualquer momento,
Vem me dar o perdão.
Espero, abro os olhos.
Mais uma noite passou,
Mais um dia se fez.
Meu corpo não tombou.
Ainda não foi dessa vez.