Cansei de não morrer

Cerrei os olhos e respirei,

O último resquício de ar me deixou.

O peito inflou e assim suspirei.

Aliviado por não ter mais rancor.

Da vida, das pessoas, do mundo.

A solidão trouxe o manto

A escuridão, o travesseiro.

Repousei moribundo,

Sem mais prantos.

Deliciando-me do último devaneio.

E vem, doce morte.

Embala o sono do pobre sofredor.

Aninha a mão calejada

Desembainha a espada

E acaba com a dor.

Um golpe, um movimento.

Sem solução.

Vem a mim a qualquer momento,

Vem me dar o perdão.

Espero, abro os olhos.

Mais uma noite passou,

Mais um dia se fez.

Meu corpo não tombou.

Ainda não foi dessa vez.

Ladra de Tinta Seca
Enviado por Ladra de Tinta Seca em 21/01/2016
Código do texto: T5518370
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