POEMA-MENDIGO.
POEMA-MENDIGO.
E o homem, megagaláctico, tem suas mossas
Entre dois mundos, um civilizado na melancolia
E outro bárbaro na glória, morre-se apenas o suficiente.
Sígnico e entroviscado, mero puxador de carroças
Subestima que sua inteligência é peça de joalharia
Filigrana de ouro, mas ainda com corrente
Onde a carência só tem a felicidade no seu papel-moeda.
Eu vi destruição e medo absolvendo a ambição
Vivi a dor das chibatas, no bem que nos hospeda
Na conquista das guerras, eu morri na escravidão
Quantos índios se tornaram brancos,...
Quantos forrest gump sentados em bancos!
Eu respirei no ouvido das câmaras de gás
Aos céus elevei meus olhos antes de queimar na fogueira
São tantos corpos que viraram bomba caseira
Que pedi piedade à coerência por sermos homens sem paz.
O valor da bondade foi estuprado a sangue-frio
E o amor das espécies até então não fez o seu cio.
Em dias de ânsia e de fleuma não és o seu senhor
É o equilíbrio de carnes e ossos em esqueleto experimental
E a terra, teu corpo, .... Sem olhar a riqueza ou a cor
Com paciência, a de ti engavetar na horizontal.
O preconceito e a discriminação são o orgulho do holocausto
Quais vermes tratar-te-ão em período fausto?!
Como órfão tendi solitário à compreensão do óbito
Desvelo o caráter sinestésico na leitura e na faculdade da vida
O papel e a caneta tornaram dedos e cérebro concúbito
Exumei-me, inseticida, versos e poemas sem temer os perigos
Fui longe! E na lembrança da miséria só se desfralda a despedida
E aos que têm ódio ao amor, deixo-lhes meus poemas-mendigos.
CHICO DE ARRUDA.