Loucura Contida
LOUCURA CONTIDA
Hoje eu quero voar
E viver minha loucura
Subir o mais alto prédio
E de lá vou me jogar
Sem corda sem atadura
Só para quebrar o tédio
E assim me imaginar
Caindo feito uma pena
Flutuando em pleno ar
E lá de cima espiar
Amores amantes amigas
As pessoas tão pequenas
Tão miúdas tão fingidas
Talvez eu me sinta enorme
De cima olhando o mundo
Algo fora dos conformes
Talvez eu consiga ter
Uma visão mais profunda
Do que sou e possa ser
E assim eu vou caindo
Leve feito um planador
Na descida observando
A Praça o Jardim a flor
Vou pousando e sentindo
Pela vida um grande amor
Mas se eu não flutuar
Quando do prédio cair
Quando no ar me jogar
Sentir que não tem mais volta
E feito uma pedra cair
Me esparramar feito torta
Virar uma massa informe
Sem ter tempo de pensar
Mas sentindo um medo enorme
A morte se aproximando
Seu eu a poder parar
E vendo meu fim chegando
Meu tempo se acabando
Sem tempo pra despedida
O chão se aproximando
Somente com muita sorte
A minha vida perdida
Possa escapar da morte
O melhor é desistir
E ficar com os pés no chão
Deixar dessa ilusão
De sempre querer sentir
Cada vez mais emoção
E na sensação explodir
Mas pense só um pouquinho
Que graça teria a vida
Sem nossa imaginação
Acompanhado ou sozinho
Que graça tem a partida
Sem choro sem solidão
Que graça tem a saudade
Sem a tristeza incontida
Que graça teria a vida
Que graça teria o amor
Se na sua despedida
Não se morresse de dor
(Farias Israel-jan/2012-SP)