Na montanha

I

Jogo a pedra e brado:

A plena luz me inflama!

Fujo e tropeço na chama

Rugindo como um leão

Num sobe e desce de montanha

Faço do cabelo minha juba

E rasgo a linha da mão

Num som que cheira

O mundo me trava

Num barulho que come

O céu desaba

E o que vale a trapaça?

Além da luz que ultrapassa

Logo mais que uma vida some

Vem em consequência a desgraça?

II

E mais um instante me vejo atirar

Pedras?

Logo que escalo o rochedo encaro

Vidas?

E lembro-me das remessas

Que tinham nos grandes festejos

E também recordo,

Lapeado nas ventanias,

As grandes sequências de vitórias

Eram amores cobertos de alegrias

Com desagregações simplórias

Que coibiam anistias.

III

E reluto ainda mais,

Afastando os cabelos do rosto

Vejo o panorama astral

Uma corrente laçada ao corpo

E um sono que permeia a razão

Desandando...

será

Equilíbrio?

Dou trégua...

por

Fascínio?

Mas sustentando a emoção

Não me envolto em sermão

Lucidez é o desafio final

Talvez

Não há um vero sinal.

IV

Tiro da calça

O papel que embrulha,

Tanto com o presente

Quanto com a tese futura

Pego a caneta e rabisco quase nada

Sem poupar tinta...

Disparo!

Dou desacato à ajuda

Que voa para longe...

Sem amparo!

Sem deixar rastros

Que volte com astúcia

Assim com será minha cautela

Num barulho à deriva na manivela

Com brilho de argúcia.

V

Quando me atirar do rochedo

Quero cair como papel

Leve

Suave

Alegre?

Triste?

Amado?

Sem mestre?

E dentro de uma garrafa

Sem medo

De um segredo

Naufragar

No ar

Quero inventar

Fugir do mar

Em uma terra qualquer

Novos horizontes

Encontrar?

Explorar?

Algo resoluto a envolver

Como numa túnica trajar

E num sentido novo a escolher

Uma espécie nova de desejo

Que aguce melhor

O que há no contexto

E ilumine mais

A mim mesmo!?

Thiago L Gomes
Enviado por Thiago L Gomes em 15/04/2016
Código do texto: T5606199
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