O MAESTRO E A BAILARINA. PARTE 1 ( A PLATEIA DESALMADA)

A platéia desalmada

Desfalecida, pálida e exausta divinamente ela dança nas pontas dos pés, extrapolando os limites do teu corpo na sua elegância, encanta aos olhares dos espectadores que com os olhos não a perdem de vistas. Ela dança uma sinfonia estranha, ao seu lado ele teu maestro ele não toca apenas rege, os instrumentos invisíveis que parecem não cessarem.

Vitalizada pela musica que ela pensa que escuta, seus pés machucados correm o palco sabendo que se essa sinfonia acabar seu coração junto parará.

Temporariamente ela dança, enquanto com um olhar masoquista ele continua a reger com exatidão um bastão de cerejeira uma orquestra fantasmagórica das quais os músicos colocam palitos nos olhos para suportar as pesadas pálpebras de sono, com movimentos leves ela voa no ar como fosse uma libélula livre no campo, Com movimentos pesados ela se contorce de dor.

O maestro e a bailarina parecem ser feito um para o outro se não fossem as diferenças obvies vistas pelos expectadores, estáticos e indiferentes a dor e a tragédia agonizante daquela moça que não para de dançar.

Delicada, com toques de requinte, mais parece um cisne trajada num vestido de cetim rosa - claro, porem seu espartilho o sufoca, seus olhos avelãs não ousaram retribuir o olhar para seu carrasco maestro que rege sua orquestra com orgulho e rigidez, trajado num terno fúnebre preto puído antiquado para sua época, estampa em seu rosto um sorriso cínico sagaz alimentado pela agonia da sua doce amada com seus pés agora arroxeados, ele anseia assim como a multidão, aves de rapina.

O momento mais celebre da apoteose, onde o maestro quebra por fim seu bastão, a sinfonia lentamente cessa por alguns minutos o silencio paira sobre o palco logo após ouve do gargalhar sarcástico do maestro. A bailarina sua perna se quebra, seu coração em seu peito lentamente bate, os violinos gradativos vão adormecendo.

A platéia se levanta, esgueira-se a cabeça para observá-la, todos afoitos, não a perdem nenhuma expressão, apuram sua audição para ouvir o ultimo sussurro que não se dissipa no ar e se torna um som inaudível, um gosto do qual a platéia desalmada nunca degustará. No chão ela desfalece aos poucos,encarando uma multidão que incompreende sua dor,insensíveis para com seu sofrimento,não há ninguém que faça nem sequer menção em ajudá-la.

Estarrecidos todos colocam suas mãos nas suas bocas, espantados, não há nenhum braços que possam carregá-la, fixam seus olhos no maestro que observa a face da bailarina estendida no chão que ainda meche sua boca sem fala como se tivesse lhe cortado seu pescoço, nenhuma palavra pronunciada, nenhum aplausos, ação de piedade. seu ultimo sussurro preso dentro de seus pulmões permaneceram,o maestro giro-se em torno de si mesmo caminhou para saída oposta daquela porta onde entrado havia e se ouviram depois disso o barulho seco do andar do seus sapatos e nada mais.

Adriano Pinheiro
Enviado por Adriano Pinheiro em 11/02/2013
Reeditado em 04/03/2013
Código do texto: T4135277
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