AH DELÍRIO...DELÍRIO MEU!

Tenho fome de amor,

meu coração vive fora de forma, vive suplicando por mais.

Detesto migalhas, não ouso nem ao menos suplicá-las.

Sou inquieta, desorganizada, despejo tudo que penso sentir.

Se penso, reconheço, assim mesmo, logo de imediato.

Sou impaciente, preciso do agora, amo demasiadamente meus impulsos.

Já tentei me mascarar, conscientemente, queria me observar de longe, analisar-me.

Testo tudo, e faço do teste a prova final. Me anulam esses preparos, me enojam.

Sou vazia e repleta no mesmo instante, não misturo-me, esses choques me encantam.

Podem tocar-me a alma, a mente, o coração, mas jamais tocar-me-ão, essa frieza me sustenta.

Jogo com as palavras, e as palavras jogam comigo, somos cúmplices.

Tentaram, diversas vezes, entender-me, à toa, é claro. Esqueceram que não sou concreto, esqueceram que moldo-me, crio-me, e faço disso, uma diversão.

Não existe lua, se não houver sol, assim como não existo se não houver sentimento.

O que corre em minhas veias, não é sangue, é emoção, turbulenta.

Já amei-me, já odiei-me, já testei-me, e já tentei me enxergar.

Toda vez que acordo, acordo de um sonho, sonhar é algo tão presente em minha vida, como o simples ato de escovar os dentes. Necessito.

Sou abrigo, sou bondade, deixo milhares de seres morarem dentro de mim, e em nem um dia sequer, tive vontade de vê-los distante.

Onde existe um céu, creio eu, que possa haver um mar também. O meu vocábulo é distinto, canto, choro, rio, com outros conceitos, nasci mal conceituada, ninguém entende.

Jogaram-me rosas, todas com espinhos. Umas eu consegui apenas sentir o perfume, outras, me deixaram dores tão grandes, que nada mais me chamou a atenção, a não ser os espinhos.

Quero o escuro, mas também desejo o claro, não quero que se misturem, me alimenta a pureza.

Já atendi telefonemas, já interpretei minha voz doce, já criei meu desprezo numa fração de segundos.

Preciso de mudanças, preciso de limões. Amo azedar-me, e como mágica, renascer, na mais doce surpresa.

Não sou tequila, não sou licor, não sou remédio carnal, e muito menos ruim. Por isso finja que sou uma última dose, do drinque mais vibrante, do champanhe mais sutil, do amor liquidificado. Beba-me.