Interceptação

Intercepta-me, camaleão,

Tira-me do caminho,

Muda meu rumo,

Aceito a contramão.

Numa cama, um leão.

Lençol em desalinho,

esqueço o prumo

dobro-me nesse ninho,

ao gozo dou vazão.

Entre urros, ulos, e sussurros

virar leoa,

torcer preceitos,

sem preconceitos.

Intercepta-me, leão,

Faz-me tua leoa

eleva-me a uma nuvem à toa

conte-me uma piada boa.

Quero rir, me exaurir,

de prazer sucumbir.

Leva-me a essa nuvem à toa,

de tão perfeita, se ajeita

se molda, encaixa assim.

Nela me deita,

deleita, aproveita.

Dá o melhor de você,

enquanto dou o melhor de mim.

It's up to me

You fit into me.

Ali suados, consumidos

na exaustão do tesão

Permanecemos no encaixe

repleto de perfeição.

Respiramos ofegantes,

silêncio,

palavras distantes.

Sono, cochilo.

Ressonamos.

Não falamos,

nem cogitamos,

Com força descartamos.

Sei o que senti.

Naqueles momentos,

que voltam na lembrança,

contrariando o que pensamos,

se desejamos, negamos.

Mas,

se nome existe ao que fazemos,

nome é que nos amamos.

(Esclarecimento: Permiti-me leve, e despretensiosa, alusão à linda "Rapte-me, camaleoa", de Caetano Veloso - tudo a ver com tudo que imaginei enquanto as palavras escapuliam do pensamento e pulavam pelos dedos)

Lucia Sant ini
Enviado por Lucia Sant ini em 03/11/2010
Código do texto: T2593813
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